Folhetim Sensacional
Fi-lo porque qui-lo
terça-feira, 10 de janeiro de 2017
ESC de escape
terça-feira, 21 de outubro de 2014
O Luto do Sol
Hoje o sol não quis aparecer. Estava quente, muito quente, mas ele não deu as caras. Não era por vergonha, eu acho. Acho apenas. Afinal, quem sou eu para entender o sol?
Ele não queria olhar, acho. Ninguém queria. Ninguém queria olhar, entretanto todos queriam estar lá. Era triste... Lápides, terra, túmulos, terra, parentes, tijolos, tristeza, cimento, aceitação, fecha com terra.
O sol apareceu por semanas e nenhuma nuvem ousava colocar-se de modo a bloquear seu brilho. E como brilhava! Dias muito quentes antecederam essa triste manhã de outubro. Não que o calor tenha diminuído, pelo contrário, o sol queria mostrar que estava lá, porém não queria olhar.
Eu sei que ele queria. Enfatizo isso, porque sei. Queria e queria e queria, porque queria e queria.
Na verdade eu não sei, mas eu queria que ele quisesse. Na verdade eu já nem sei se sei usar o verbo querer. Na verdade, e a única verdade mais sensata dessas verdades, ninguém queria que estivesse acontecendo.
Mas acontece! Todos hão de cair um dia. "A gravidade é a negação da vida desde o início dos tempos", disse Millôr.
Quem quer cair? Ninguém? Alguns? Poucos? Muitos? E se o sol cair? Todos caem?
Caiu, então, mais terra sobre o grande buraco aberto no coração de todos os presentes. Soluços, cochichos, gestos e... VIVA! Um grande viva! Um viva grandioso! O viva dos vivas!
O sol bisbilhotou por entre todas as nuvens, as quais ele convocou para escondê-lo, assistiu os vivas de longe e esquentou um pouquinho mais para mostrar que ainda estava lá.
Mas então, viva o lembrou de viver. Viver o lembrou de vida. Vida o lembrou de morte. E ele voltou a se esconder. Agora ele queria chorar.
Se chorou eu não sei, meus olhos estavam encharcados de uma água que eu não sei de onde vinha. Sentia que vinha de dentro, contudo eu não sabia se era capaz disso.
Eu era sim, ou melhor, sou.
Já chorei outras vezes. Por motivos insuficientes ou não, com motivos ou não, eu chorei antes, em outros dias.
Limpe o rosto, oh filho!
Sue o nariz.
Oi sol!
Lá estava ele novamente. Já não havia mais nada para ver. Expulsou as nuvens para abraçar-nos.
Abraçou. Disse-nos o quanto amava a todos. E repousou. Continuou lá, discreto, tímido, quase ninguém o notou. Ele deve ter tentado se comunicar, confortar, dar os pêsames. Ele entende tudo, ele é o sol.
Ele sabia da grandeza da mulher que ali repousará eternamente. Ele a ajudou. Ele deu toda força que ela precisava. Ele a poupou do sofrimento. Ele sabe o que fazer. Ele tem seus planos perfeitos. Ele aquecerá o assento que escolheu para ela todos os dias, sem exceção, sem hesitar, sem titubear e com todo o seu ofuscante brilho.
Afinal, é claro que o sol vai voltar amanhã.
Mais uma vez,
Eu sei!
Eu sei, mesmo sem ter certeza disso. Eu sinto.
Para aqueles que acreditam, sentir, apenas, basta.
sexta-feira, 17 de outubro de 2014
A Revolta da Bola
O meu Eu que escreveu o último texto era um Eu indignado e preocupado. Esse Eu, achava que quando uma pessoa começava a preferir ficar sempre em casa, deixasse de sair, relacionar-se, curtir a vida, aproveitar o dia (Carpe Diem! diriam os árcades), a pessoa estaria muito próxima da morte. Esse maldito Eu, matou o personagem do último texto e não foi de ódio, não foi de rancor e não foi profecia! Foi um exagero. Recurso bastante utilizado na literatura e, nesse caso, para dar um ar depressivo para meu personagem. Eu repudio o suicídio, a morte virá quando ela achar necessário.
sexta-feira, 10 de outubro de 2014
Casa
segunda-feira, 6 de outubro de 2014
Falácia
Me falaram que o Brasil não tem mais jeito, que o Brasil está perdido, mas então eu já não entendi nada, porque achei que o Brasil fazia parte do mundo.
No entanto, descobri - porque me falaram - as peculiaridades do nosso país. Ele é diferente. É triste, é ruim, é pobre. Aqui, e só aqui, existe corrupção. E é a pior delas!
Isso foi o que me falaram.
Falaram também que já nem tudo mais são flores na vida. Falam que você precisa estudar para ser alguém na vida. Tenho pena daqueles os quais a escola não fez parte de suas vidas... Não foram ninguém... Pobres coitados!
Me falaram também que coitado vem de coito. E eu não concordei com isso tão facilmente, porém tive que aceitar. Afinal, se falam, deve ser! Por que eu discutiria?
Me falaram que existem 10 motivos para não gostar de amarelo. Portanto, odeio amarelo! Até hoje não sei os motivos, mas, se eles existem, então talvez eu não deva gostar de amarelo mesmo. Amarelo nem deveria ser cor. Não deveria nem "ser". Existem 10 motivos, entende? Dez. Pra mim, dez motivos, são muitos motivos.
Hoje mesmo, eu acordei e vi aquele nojento com a cara estampada no jornal. A manchete embaixo da foto me intrigou. Li duas linhas da notícia - ignorando pontos e vírgulas - e saí falando também. Você não pode ficar só ouvindo, tem que sair falando por aí. Desdobrei aquelas duas linhas em longos discursos e, logo, metade dos meus ouvintes esboçavam seu ódio por aquela cara no jornal. Este foi amassado e arremessado no cesto da inutilidade.
De tanto ouvir, estou começando a ficar louco. Há momentos em que as palavras se chocam umas contra as outras. Respiro. Acredito no que falaram por último, visto que o novo é sempre mais atualizado. .................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................
Você concorda, não concorda? Tem que concordar.
terça-feira, 30 de setembro de 2014
Pensa comigo
Penso, logo existo?
Sinto pena de quem pensa demais.
Pensar demais faz mal.
Pare de pensar!
Agora!
Pare!
Agora, pare e pense,
Quantas vezes você viu uma flor hoje?
Não estou falando de passar por uma flor, estou falando de observar.
Tantas árvores pelas ruas e você preocupado com o "tudo", o qual, no final, não é mais nada.
No final nada mais importa, não é mesmo?
Claro que importa, burro! Pense direito.
Ou melhor, não pense, não discuta, engula.
Falando em engulir, como estava seu café hoje?
Como assim normal? Quer dizer que você mede cadê miligrama e cada mililitro de café utilizado no preparo, coloca sempre a mesma quantidade de açúcar e o gosto é sempre o mesmo?
Que vida chata, cara!
Eu sou antes de tudo um hipócrita.
Eu não lembro do gosto do meu café, não olhei as flores hoje, não desejei bom dia ao sol e nem beijei minha mãe antes de sair de casa. Que desgraça...
"NÃO DIGA ESSA PALAVRA, MENINO!" - diria minha mãe.
Me perdoa mãe, mas olha os erros que eu cometo. Tão sutis e infantis... Invisíveis para você também.
Não pense, apenas fale, grite, escreva.
Tire do seu peito o que você está escondendo.
O medo é um desafio a ser vencido.
A sociedade é um desafio a ser desafiado.
O sonho é um desafio a ser conquistado.
O amor é um desafio desregrado.
E a morte é a frustração do desafio.
...
Equilíbrio é a palavra chave.
Por que pensar demais faz mal.
Sentir demais é sentir de menos. É mentir para você mesmo sobre você.
Não adianta olhar para as flores e procurar seu sentimento por elas. Mas também não adianta olhar para suas tarefas e chorar a beleza das flores lá fora.
Esqueça por um minuto que você pensa, apenas exista. Descarte o que o Descartes lhe falou. Sinta. Viva. Mas não se esqueça de terminar os deveres, escovar os dentes e apagar as luzes.
Agora reflita, discorde de mim e fique ofendido pela quantidade de verbos no imperativo que eu usei. Dê seus argumentos. Xingue. Chova. Mas não se esqueça de amar.
O que é o amor afinal?
Não responda, não pense, não delire, apenas sinta. Depois de sentir você pode até pensar em pensar sobre isso.
Pensando bem, vamos ao que não interessa realmente: o ponto final.
segunda-feira, 22 de setembro de 2014
Crise
Sim, crise.
O que você tem contra gays?
Não, eu não sou gay.
Homossexual, perdão.
Por mim, deixa eles decidirem o que querem fazer da vida.
Não, eu não sou gay.
Não uso drogas.
Não, não sou contra a descriminalização da maconha, mas também não sou totalmente a favor.
Por mim quem quisesse poderia escolher.
Eu sou um pouco preconceituoso sim.
Com negros também. Mas eu tenho um afeto diferente para com eles, não sei o porquê. É coisa minha.
Acho que temos uma dívida eterna pelo sofrimento de seus antepassados.
Não, não estou falando que todos eram escravos.
Acredito em Deus.
Não, eu não sou louco.
Acredito.
Ciência e religião andam juntos.
Acredito que ainda há esperança para o Brasil.
Isso não tem nada a ver com Deus.
O funk é uma arte assim como todos os outros gêneros musicais.
Odeio gente intolerante, com exceção de meus pais. Esses eu amo incondicionalmente.
Sou muito enjoado e tenho nojo das pessoas e das coisas o tempo todo.
Asco mesmo, de provocar ânsia.
A educação está impregnada em meus valores, porém eu erro várias vezes.
Remorso, eu sinto.
Influências...
Nem tudo é para ser evitado, algumas coisas servem para nós aprendermos a conviver sem termos que mudar nossa personalidade.
Acredito no amor acima de todas as coisas e também acredito no desamor reinando e imperando, julgando e destruindo o amor.
Posso explicar?
Obrigado. O desamor é mais conhecido como relação de interesses.
Segundo um cara por mim conhecido como meu pai, as relações são superficiais. Você só quer alguém porque sente carência de afeto. Você só é amigo de alguem porque consegue algo em troca dessa pessoa. Você só se aproxima de alguem querendo algo dessa pessoa em troca. Nenhuma relação é feita sem algum motivo por trás.
Concordo em parte, eu acho que para toda regra há algumas exceções.
Inconscientemente fazemos isso...
As exceções!!!
Abrir a cabeça é como sonhar com a realidade, sem precisar preocupar-se com o real.
Já dizia o grande filósofo, teólogo e compositor, Mister Catra:
"Foda-se essa merda, vamos transar."
Sexo que aliás parece perder o sentido e o prazer hoje em dia.
Sexo, drogas, aborto, essas palavras te ofendem?
Libera essa porra logo! Deixa o povo escolher.
Escola? Eu amo escola.
Vai toma no cu quem não gosta.
Eu sou antes de tudo um hipócrita.
Quer saber? Vamos todo mundo tomar no cu juntos.
sábado, 13 de abril de 2013
A Chuva
segunda-feira, 19 de novembro de 2012
Como pode a água morrer enquanto na terra nascem flores?
É proibido ser diferente!? - Crônica
Um gesto tão simples e fulgaz quanto o sorriso escarlate de resposta. Gestos simples... algo que só idosos fazem com tamanha espontaneidade. Adultos são monótonos, entediados, deprimidos. Sentado no banco do ônibus público, vejo todos passarem tristes e apressados. Lei deles serem assim?
- Filho, fique quieto! Não quer apanhar na frente de todos aqui, não é?
Chantagem, uma das maiores imoralidades do homem. O pai o repreende gesticulando e volta a ler seu periódico. O filho enruga toda a face, cruza os braços e fita a janela sem a ver. Será que a função do pai é ensinar o filho a ser chato como todos os outros adultos?
- E se chorar vai sofrer com as consequências em casa!
Ameaça-o novamente levantando e abaixando o indicador. Será que os pais sabem os valores que passam - se é que passam! - fazendo gestos como esses? Eu, em minha liberdade de adolescente, indo para o colégio neste ônibus, cada vez mais me deparo com situações simples que me permitem filosofar tanto nesta pobre crônica.
O pai suspira impaciente, verifica as horas em seu relógio, bufa e movimenta o calcanhar, enquanto reclama ao vento seu atraso.
Será normal para ele ser assim? Adultos, movam-se, sejam diferentes. Pulem, gritem, festejem o nada! Não é ridículo ser diferente. Ridículo é ser igual.